quinta-feira, 19 de maio de 2011

O EU COMIGO MESMO


"A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais." (Arthur Schopenhauer)


Pensando no tema para minha reflexão dessa semana, já que estou de folga hoje, me deparei com o seguinte problema: a nossa relação com a solidão.  Não, não estou depressivo nem nada, antes que alguém pense nisso, mas achei um assunto interessante visto que estive sozinho hoje em casa e pude me deparar com isso.  E, só para instigar mais um pouco, levanto uma pergunta na qual colocarei meu pensamento mais abaixo: a solidão é ruim?


O ser humano é um ser de relação, vários pensadores ao longo da História discorreram sobre isso. Tanto é assim que mesmo quando está sozinho o “bicho” homem cria “um outro eu” para se relacionar.  Você mesmo pode notar isso quando está sozinho pensando na vida, no trabalho, nos acontecimentos que quiçá ocorra à noite, ou mesmo no que vai comer.  Nosso pensamento, conjurações e mesmo construção de idéias se revelam em maneira de diálogo.  Dessa maneira é claro podermos dizer, e disso ninguém duvida: nós não conseguimos estar sozinhos, mesmo quando estamos.

Na solidão nos transcendemos e criamos nossas grandes idéias.  Mesmo estando em grupo, é no encontro de mim com o meu eu que fazemos nossas escolhas, concatenamos nossas idéias e concluímos nossos raciocínios.  No campo da nossa vida, somente nós próprios podemos invadir, criar, decidir. O outro nos oferece apenas caminhos a trilhar.

E o estar sozinho? Não é o mesmo que solidão? Não. Estar sozinho é uma característica física (“eu fiquei sozinho hoje em casa”, “eu moro sozinho”, “fiz o trabalho sozinho”).  Solidão é um estado de espírito que você pode trazer para algo bom ou ruim.  Se você ao se deparar sozinho, cria nisso pensamentos depressivos é claro que ela vai ser ruim, mas em geral, a solidão é um ótimo campo para você treinar antes dos jogos do dia-a-dia.  É importante aproveitar os “espaços” de solidão cada vez mais escassos nos dias de hoje para pensarmos nossa vida, conduta, projetos e, desse jeito, podermos crescer como pessoas ímpares e majestosas que a natureza nos proporcionou ao sermos criados como seres-que-pensam e seres-de-relação.

Embora com o caminho de pensamento um pouco distinto do de Sartre, tenho que concordar com ele que nosso ser-para-si é na verdade e só tem sentido como ser-para-o-outro.  Mesmo na solidão colocamos o outro no nosso arcabouço existencial e o convidamos a fazer parte de nossa existência.

Por fim, saindo um pouco da perspectiva existencialista, termino minha reflexão com um acento teológico, que só tem sentido para quem coloca o Divino dentro do seu conjunto existencial.  Será que somos esse ser que não consegue viver sozinho porque a própria Trindade, como comunidade de Amor, colocou isso em nossa mente e coração para provarmos um pouco da maravilha que é relacionar-se e que, Ela, tão bem vive?

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